domingo, 22 de maio de 2011

Real valorizado aquece a procura por viagens para fora

Com estabilidade da economia e vantagem da moeda sobre o dólar, os cearenses investem mais em educação

A dobradinha dólar baixo e parcelamento tem sido mais do que positiva para o desempenho do setor de viagens a lazer e, sobretudo, de estudos. Agências especializadas em intercâmbios comemoram crescimento de mais de 50% nas vendas do serviço no ano passado, na comparação com o ano anterior. Mas já há quem acuse a venda do dobro de pacotes comercializados só no primeiro quadrimestre de 2011, aqui em Fortaleza.

É o caso da CI. Segundo Darlan Loureiro, gerente da unidade na Capital cearense, as vendas globais da empresa, em 2010, cresceram mais de 50% "e aqui, em Fortaleza, temos crescido mais de 100% só neste ano". "A queda do dólar sem dúvida facilita e aumenta o poder aquisitivo do cliente para viagens ao exterior, e o intercâmbio cultural também é beneficiado por isso", destaca.

Na avaliação do gerente de Intercâmbio da STB em Fortaleza, Wellington Oliveira, outra agência especializada no segmento, além da depreciação do dólar, está havendo uma mudança no comportamento do consumidor, com a estabilidade da economia brasileira.

"O mercado está se planejando mais. Se antes as pessoas se preparavam com seis meses de antecedência, atualmente chega a pelo menos um ano antes, o que possibilita parcelar o pagamento em mais vezes, em 12 prestações sem juros, até a data da viagem. Então fica bem mais fácil viajar", explica.

Como resultado, a empresa assistiu a um crescimento em torno de 20% nas vendas aqui no Ceará, no ano passado, frente a 2009, com esse porcentual subindo para 30% quando a viagem é a lazer.

"O que se vê é que o cearense está investindo mais em educação fora do País", fala.

Promoções

Um outro fator a considerar, acrescenta Oliveira, é que as escolas no exterior estão focadas no mercado brasileiro. "Elas têm oferecido promoções, com descontos que podem chegar a 30%", afirma.

Entre os destinos mais procurados, apontam os representante das duas empresas, estão países como Canadá, Estados Unidos, e ainda Holanda, França, Suíça, Alemanha e Inglaterra, dado que o euro e a libra, moedas que circulam pela Europa, também tem se depreciado frente o real. "Há cinco anos atrás, a procura pela Europa não acontecia", recorda.

"Com dólar mais baixo, as passagens aéreas, da mesma forma, têm ficado mais em conta, e destinos como Austrália, Nova Zelândia, mais distantes, vêm ficando acessíveis", emenda Oliveira, da STB.

Casas de câmbio
Desde o início do ano, as casas de câmbio já vêm indicando aumento nas negociações, especialmente, de cearenses que estão realizando viagens internacionais. Duas importantes empresas do setor, a Fitta e a Confidence, não querem perder de vista esse nicho de mercado. Neste ano, ambas estão ampliando, com mais uma loja cada, sua atuação no Estado.

Segundo o diretor da região Nordeste da Confidence, Artur Schutte, as vendas realizadas em um maior número de parcelas são um indutor relevante nessa elevação e, de certa forma, a explosão de cearenses que estão indo para fora do Brasil. "A venda de bilhetes em 12 e até 24 vezes facilita bastante", fala.

Conforme o diretor de Operações de Câmbio do Grupo Fitta, Fabiano Rufato, a economia brasileira está muito mais robusta e o dólar turismo menos valorizado. Isso tem contribuído para esse desempenho. "O brasileiro ganhou um poder aquisitivo lá fora bastante interessante. Temos visto cada vez mais pessoas viajando para fora do País. Por isso, o recorde de gasto no exterior, que em 2010 chegou a US$ 16,5 bilhões ante US$ 10,9 bilhões em 2009", comenta.

Ainda de acordo com ele, para o Ceará, o real mais vigoroso tem repercussão positiva e outra não para o segmento. Mais cearenses viajam e elevam as conversões cambiais. Porém, menos estrangeiros tendem a vir para o Estado. "Para o Nordeste é ruim por isso. Ele perde por esse outro lado. Os turistas tendem a procurar destinos mais baratos. Mesmo assim, a balança é favorável", revela.

ANCHIETA DANTAS JR.
REPÓRTER

OPORTUNIDADE DE OURO
É a vez do cearense no intercâmbio estudantil

Aprimorar a língua francesa, conhecer uma cultura diferente e voltar com a mala cheia de produtos que, por aqui, custam os olhos da cara. É o que espera a estudante universitária e futura arquiteta, Lorena Araújo, de 21 anos de idade, que, no meio deste ano, vai viver a primeira experiência longe do Brasil sem estar acompanhada dos pais.

"Antes eu viajei com eles, a turismo. E me lembro que estava bem mais caro, naquela época. Agora, quero aprofundar meus estudos no francês e ganhar conversação", conta, sob a forte expectativa de quem vai passar aproximadamente um mês e meio, em Paris.

A exemplo do dólar, o euro também mais acessível no comparativo dos últimos anos contribuiu para que esse fosse o momento ideal para realizar essa viagem.

Economia acentuada
O desembolso das despesas dessa viagem deve chegar a uma economia de mais de 50% no valor total das despesas, ou melhor, do investimento que ela está fazendo. "Procurei a empresa de intercâmbio estudantil na faculdade. Lá, me mostraram os diversos pacotes com os diferentes preços. Escolhi o que oferece alimentação integral e que me permite ficar na residência de uma família francesa", conta ela, com a certeza de quem fez um excelente negócio e já pensa mais à frente.

"O preço está muito bom. Já estou pesquisando intercâmbios mais longos, de seis meses, pelo menos, além de pós-graduações para quando concluir o curso continuar me especializando", diz Lorena, referindo-se a convênios oferecidos pela Unifor com importantes universidades da Europa.

Produtos mais baratos
Assim como ela, outras dezenas de jovens cearenses estão aproveitando a chance oferecida pela conjuntura econômica e a elevação da moeda brasileira na relação cambial para sair pela primeira vez do Brasil. Além de ampliarem o conhecimento de mundo, através do contato com culturas diferentes da nossa, os cearenses também estão tirando proveito dos preços mais baixos dos produtos, que nas prateleiras do varejo local são bem mais caros. "Estou juntando dinheiro já há algum tempo para poder comprar, especialmente, os produtos de grifes. Meus preferidos são roupas, bolsas, relógios e perfumes", revela, animada com a possibilidade de encontrar os importados por um preço bem mais barato.



Oliveira da STB: o mercado está se planejando mais. Atualmente, as pessoas se preparam um ano antes




FOTO: KIKO SILVA
Loureiro da CI: queda do dólar facilita e aumenta o poder aquisitivo do cliente para viagens ao exterior


FOTO: FRANCISCO VIANA

Lorena Araújo, de 21 anos, está aproveitando o fortalecimento da moeda brasileira para realizar a experiência inédita para ela de morar sozinha em Paris, para exercitar o francês
FOTO: FRANCISCO VIANA

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