segunda-feira, 28 de março de 2011

Intercâmbio Irlanda

Um que não é um diário

Atendendo a carinhosos pedidos nos comentários, hoje não teremos o diariozinho do Curirim. Amanhã voltamos com mais um episódio de ”Everybody Hates Curi”.
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No meus últimos meses no Brasil eu morei na República, no centro de São Paulo, exatamente no Largo do Arouche, onde, já cantou o Criolo, nenhum cão late em vão.  O clima lá, entre a boca do lixo e a cracolândia, era pesadíssimo. Mas lá também eu vivia em contato com vários Grafites e Pichações incríveis.
Há um certo tempo eu afirmava que Grafite é arte e Pichação não, pichação é vandalismo, molecagem. Á tá, molecagem fazia eu, falando besteira sem saber. Quem sou eu para com 18 anos de idade definir o que é arte e ainda identificar casos particulares? A arte é difícil de se definir, assim como a vida também é. Nas feiras e botecos dizem até que uma imita a outra. Vai sabê.
E assim como eu tinha, ainda existe um preconceito gigantesco contra a pichação, sem que ninguém tente entender e refletir. É como dizer que em rap de periferia não há arte, só um movimento anti repressão. Na verdade está tudo junto, se comunicando.  Talvez os menos favorecidos e pobres não sejam tão alienados como pensam. Estão se unindo, se organizando sob a arte, usando a bandeira do hip hop.
Claro, existem vários outras variáveis envolvidas e que precisam ser discutidas, mas no momento, uma pichação é no mínimo, no mínimo, um sinal de que as coisas não andam bem. Não quero falar em nome de nada, só acho que existe uma ferida exposta, ou algo assim. Sou péssimo pra dar exemplos.
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Cheguei em Dublin e não vi nada de pichação, nada de grafite, perguntei pelo rap e ninguém soube responder. Comecei imediatamente a matutar e formular teorias e ensaios sobre a não existência de manifestações na Europa. Cheguei a uma só conclusão: Ainda sou moleque, e bobo. Não que ser moleque seja ruim, só que falta muita paciência. Nenhuma cidade se dá tão fácil, pelo menos não aquilo que tem de melhor.
Andando por rotas menos turísticas, comecei a ver pichações e grafites e a conhecer pessoas mais interessantes que me convidaram para ir a um pub de Hip Hop e um de Blues. As pichações aqui são mais redondas, não tem aquele formato pontudo como as de São Paulo. Vi até um tag escrito em letra cursiva.  Os grafites são lindos como Nunka, vi inclusive um Banski!!
O que reclamam nas paredes e pedem são outras coisas, até por que os problemas deles são diferentes dos problemas brasileiros. Mas há problemas, não pensem que aqui é o paraíso. Acho que se você pretende vir a Europa, tem que rever conceitos e reciclar idéias desde o Brasil.  Aqui tem problemas, e se você tem problemas você vai trazê-los na bagagem. Não lembro onde li isso, acho que foi nas metas do Italo Calvino, mas se for para alçar vôos, que não seja uma fuga, mas uma aquisição de novas perspectivas. Bonito né?
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E é isso. Desculpem a liçãozinha de moral da tia maricota da escolinha.  No fundo eu sou só um moleque que não sabe nada mesmo. Um moleque que comprou uma pizza pro domingo e que precisa de café com pão, café com pão, café com pão.
Ah, hoje saí pra rua ouvindo De leve. Fazia tempo que não ria tanto. O cara é fffff….dahora!
http://dicamelim.blogspot.com/
Até mais rapazes e moçoilas.
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ps- Valeu de tudo sempre! (Pedrinho) Santo Arquimedes, meu grandecíssimo amigo!




















Fonte: http://g1.globo.com/platb/jornal-hoje-intercambio-irlanda/

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