quarta-feira, 30 de março de 2011

Estudante relata experiência vivida no Japão durante tragédia



Marcionilo diz que saiu pela janela do quarto onde estava para se proteger de terremoto
O aluno do curso de Letras da UFJF Marcionilo Euro Carlos Neto, 25 anos, que estava participando de intercâmbio no Japão, por meio da universidade, chegou a Juiz de Fora na última segunda-feira, 28.

O estudante voltaria em maio, mas antecipou seu retorno à cidade, depois de passar cerca de oito meses em terra japonesa, em razão de terremoto de magnitude 8,9 na escala Richter, tsunami e risco de contaminação radioativa no país. Levantamento atualizado nesta terça, 29, aponta que mais de 11 mil pessoas morreram no pior desastre do país após a Segunda Guerra Mundial.

A cidade onde estava, Chiba, localizada a 40 quilômetros de Tóquio, não chegou a ser arrasada como outras localidades do Nordeste do país. “A casa onde eu morava não foi destruída, porém chegamos a ficar sem luz, várias ruas ficaram quebradas e tivemos problemas com radiação em alimentos e na água.”

O estudante conta que na hora em que ocorreram os abalos, chegou a sair pela janela do seu dormitório. “Estava deitado e cheguei a sentir alguns tremores mais fracos, mas como era algo que havia ocorrido outras vezes não cheguei a me levantar. Só quando ouvi as paredes da casa estalarem, levantei, peguei dinheiro e passaporte e saí pela janela do quarto.”

Neto morava em um dormitório com outros 18 intercambistas de vários países. “Como os tremores não paravam, optamos por passar a noite debaixo de mesas no refeitório, por acharmos ser um local mais seguro”, relata.

Apesar da situação de risco, o intercambista diz que buscou ficar calmo em todos os momentos. “Procuramos manter o bom humor e não assustar ainda mais as meninas que estavam lá. Os japoneses também mantiveram a rotina: as pessoas iam trabalhar normalmente, ainda se via crianças brincando nas ruas.”


Usina de Fuskushima, principal atingida por terremoto
Segundo o acadêmico, a contaminação nuclear ocorrida após acidente na usina de Fukushima e o apelo da família foram um dos motivos que o convenceram a retornar ao Brasil. “Apesar de o Japão ser muito bem preparado para os tremores de terra, não existe a mesma estrutura para um acidente nuclear”.

A decisão de voltar para casa também foi tomada por boa parte dos intercambistas. Ele primeiro chegou ao Rio de Janeiro, no último dia 22, para se dirigir a Juiz de Fora em seguida. Ele retoma as aulas na UFJF.

De acordo com Neto, dos cerca de 80 estudantes que participavam do convênio na Universidade de Estudos Internacional Kanda somente quatro decidiram permanecer no Japão. Um deles é também aluno de Letras da UFJF, Diego Henrique Gomes Ramos, e outros três são da Indonésia. Estudante de História da Universidade, Fernanda Borges Serpa, retornou ao Brasil.

Retorno
Mesmo com todos os problemas causados pelo terremoto e tsunami, Marcionilio Neto elogia a o Japão e a assistência que recebeu durante os dias em que permaneceu no país.

“No dia em que ocorreram os tremores, umas das funcionárias da kokusai koryuka (setor de relações internacionais da Universidade Kanda) passou a noite conosco no dormitório. Eles também pagaram hotel para todos quando tivemos que ir para outro local, mais ao Sul do país.”

Caso o estudante decida retornar ao Japão, o convênio com a Universidade Kanda e a bolsa de 80 mil ienes que ele recebia será mantida até o dia 9 de maio deste ano pela Coordenação de Relações Internacionais (CRI), setor da UFJF responsável por intercâmbios.

Neto conta que ainda não decidiu o que fazer, mas que pretende retornar ao país em outra ocasião para estudo de sua dissertação de mestrado. O intercâmbio foi realizado com o objetivo de estudar a língua e a cultura japonesas. “Tive uma ótima impressão do Japão e dos japoneses. É uma sociedade muito civilizada e que funciona muito bem”, elogia.

Laís Morais – estudante de Comunicação Social

Os textos são editados por jornalistas da Secretaria de Comunicação

Fonte: 
http://www.ufjf.br/dircom/2011/03/29/estudante-relata-experiencia-vivida-no-japao-durante-tragedia/

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