domingo, 9 de outubro de 2011

Brasil atrai intercambistas

Abrigar estrangeiro exige paciência e vontade de compartilhar

O intercâmbio em busca de experiências de estudo e trabalho no exterior é uma prática já bastante conhecida entre brasileiros. Mas, agora, estrangeiros também procuram o Brasil como destino de programa em universidades e estágio.

Paula Semer Prado, gerente executiva da Associação Brasileira de Intercâmbio Profissional e Estudantil (ABIPE), diz que o País atrai estrangeiros por ocupar hoje um lugar de destaque no panorama mundial, por conta de grandiosos eventos que acontecerão como Copa, Olimpíadas e também pela estabilidade econômica. “Somos reconhecidos lá fora como um país que avançou muito, que está em crescimento e com enorme potencial. Isto representa uma grande oportunidade para os estudantes mais antenados, aqueles que já vislumbram uma carreira internacional”, afirma.

De fato, o Brasil está na mídia, chamando a atenção de estrangeiros curiosos. Por conta disso, não faltam programas de intercâmbio voltados para os interessados na cultura local, em estudos e oportunidades de trabalho.



O programa mais forte da agência World Study, por exemplo, é o de trabalho voluntário. Nele, o estrangeiro passa por um mês de aulas de português, já no Brasil, e um mês de trabalho voluntário com crianças carentes, dando aula de artes, música, idiomas, esportes ou cuidando da sustentabilidade na floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro. “Esse trabalho no Brasil acaba contando muito como experiência internacional e voluntária no currículo dos estrangeiros e eles adoram”, afirma Michelle Werfel, diretora Regional da agência.

Em casa de família
Além de trabalhar com programas de intercâmbio, Daniel Bueno, gerente de vendas da agência Ozzy Study, vive a experiência na prática. Por sua casa já passaram estudantes peruanos e colombianos. Hoje, seus pais abrigam duas argentinas. Uma veio para estudar e a outra para trabalhar dando aulas de espanhol. “Vejo às vezes as argentinas lá em casa ensinando comidas diferentes para os meus pais. Já teve uma ocasião, inclusive, que a mãe de um intercambista passou um tempo lá em casa. É uma troca gostosa”, diz.


Michelle conta que no programa da agência World Study há uma média de 15 famílias cadastradas. “Todas já receberam estrangeiros mais de uma vez. Tem família que recebe dois ou três estrangeiros ao mesmo tempo. Eles realmente gostam da experiência”, afirma.

Para abrigar um estrangeiro, porém, é preciso ter paciência e vontade de compartilhar. “É precio ver algum valor nesta troca cultural. É importante que a pessoa tenha ciência de que abrirá as suas portas para uma pessoa que pode vir de uma cultura muito diferente, com hábitos e valores que, a princípio, podem ser vistos como ‘estranhos’, mas que, para ela, são absolutamente pertinentes”, conta Paula. Estudar um pouco sobre a cultura do país do estrangeiro pode evitar sustos e choques culturais.

Paula afirma que raramente há problemas. “Em geral, o brasileiro é realmente muito hospitaleiro, acolhedor e bastante flexível. E as relações que se formam são laços para sempre. Os brasileiros que hospedam acabam indo para o exterior e ficam hospedados na casa dos que eles hospedaram e estes amigos têm outros amigos, em outros lugares. Acaba virando uma corrente de relacionamentos”, diz.

O segredo para a experiência ser bem sucedida tanto para a família quanto para o intercambista, é a harmonia no convívio. “Tem coisas que consideramos certas e que, para eles, são erradas. Temos alguns costumes que em outros lugares são diferentes. O segredo é ter respeito das duas partes”, afirma Bueno.

Custos
Michele diz que o Brasil é um dos países mais caros para se fazer intercâmbio na América Latina e que a culpa é da valorização da moeda brasileira. Segundo ela, Bolívia e Argentina são os países mais baratos.



O programa de estágio voluntário oferecido pela agência World Study tem um custo de dois mil euros, sem contar com a passagem. O valor inclui a hospedagem na casa de família, duas refeições diárias, aulas de português e a participação nos projetos do trabalho voluntário.

A agência trabalha também com programas em que o estrangeiro vem ao País para dar aulas de inglês em escolas ou para a própria família da casa em que morará. Nesse caso, são pagos US$ 5 por cada hora de aula dada.

Experiências
A ABIPE, segundo Paula, trabalha com programas de estágios remunerados em que o estrangeiro paga uma taxa para participar do programa e recebe um auxílio mensal que o ajudará a pagar as suas despesas com alimentação, transporte e casa de família. “Traçamos, junto às empresas associadas, um perfil completo do candidato que desejam receber e o buscamos com a ajuda de nossos parceiros no exterior. Hoje estamos conectados com quase 90 países”, conta. O estudante pode trabalhar em empresas privadas, fundações ou universidades, além de ter a opção de atuar em entidades ligadas à cultura, educação e meio ambiente.


Já para os interessados em vivenciar uma real troca estudantil, a Ozzy Study tem parcerias com universidades na Austrália com bolsa para brasileiros. “Funciona da seguinte forma: quando um australiano tem interesse em estudar no Brasil, abre-se também uma vaga para um estudante brasileiro estudar na Austrália. Um vai e outro vem”, explica Daniel.

Segundo informações do Ministério das Relações Exteriores, o estrangeiro não precisa de visto de estudante se for ficar menos de três meses no Brasil. Já o visto de trabalho, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, poderá ser concedido a estudantes ou profissionais recém-formados de outros países que participarem de intercâmbio em empresas estabelecidas no Brasil por um período de até um ano.


Ógui
Especial para o Terra

Fonte: http://operacoescambiais.terra.com.br

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