Prova que os profissionais estão ligados a essa realidade é o fato de que o Brasil é o maior mercado de intercâmbio da América Latina. Dados oficiais da Association of Language Travel Organisations (Alto) mostram que o número de pessoas que saem daqui para estudar no exterior aumentou quatro vezes em seis anos. Em 2010, foram mais de 160 mil. De olho no interesse dos brasileiros, as instituições de ensino têm oferecido oportunidades cada vez mais atraentes e o público mineiro poderá conhecer as opções de viagens em duas feiras que chegam esta semana a Belo Horizonte.
A oferta de cursos de idioma, que são os mais procurados por aqui, é bem variada. Existem, ainda, inúmeras opções para quem quer fazer high school, graduação, pós, MBA, especialização e curso técnico, ou simplesmente trabalhar, mas este ano a ExpoBelta vai dar destaque para uma novidade que chegou ao mercado para ficar: os programas de voluntariado. “São programas belíssimos, que existem há anos na Europa. A pessoa escolhe o destino e se voluntaria para alguma tarefa. Existe opção para construir escola no Equador, você pode cuidar de animais num parque nacional da África ou salvar tartarugas em Galápagos”, conta o diretor de relações institucionais da Brazilian Educational & Language Travel Association (Belta), Carlos Robles.
Condições favoráveis
A boa notícia para quem sonha passar uma temporada no exterior é que dinheiro não pode mais ser considerado um empecilho. Alguns bancos oferecem financiamentos para intercambistas e as agências têm criado pacotes bem acessíveis. Com R$ 3 mil você pode fazer um curso intensivo de inglês, com duração de um mês, em Vancouver, no Canadá. Quem visitar a Expo Estude no Exterior ainda poderá se informar sobre um curso intensivo de espanhol em Buenos Aires por R$ 1,9 mil e um curso noturno de inglês na Nova Zelândia, um dos países que não exige visto nos três primeiros meses, por R$ 2,7 mil.
O atual momento da economia também é responsável pelo aumento do número de brasileiros que viajam para trabalhar ou estudar. “O real está forte, então está cada vez mais barato fazer intercâmbio. Os preços não são mais fora da realidade. Se a pessoa se organizar, consegue fazer um curso fora do Brasil”, analisa a diretora da Expo Estude no Exterior, Daniela Ronchetti. “A situação cambial está favorecendo quem nunca teve acesso à educação internacional, principalmente jovens que gostariam de aprofundar o conhecimento em língua estrangeira antes de entrar no mercado de trabalho”, completa o diretor da Belta.
Foi o que fez o produtor musical Filipe Carmo Caldeira Bastos, de 24 anos. Decidido a aprimorar o inglês, ele largou a faculdade de comércio exterior pela metade e se mudou para a Inglaterra. “Foi uma experiência importante para o currículo e para o meu crescimento pessoal. Precisava ser mais independente e enfrentar desafios”, afirma. E desafios não faltaram. Filipe arrumou todo tipo de emprego para se manter por nove meses em Londres. Trabalhou como faxineiro, garçom, barman e entregador de jornal. Enquanto isso, estudou o idioma até adquirir fluência.
A vivência no exterior mudou a vida de Filipe. Foi lá que ele desistiu de terminar a faculdade para investir na carreira de produtor musical. O jovem só voltou para o Brasil porque precisava juntar dinheiro e daqui fez curso on-line de música eletrônica. Três anos depois, retornou a Londres para conclui-lo. Com a experiência que adquiriu, Filipe já lançou músicas em parceira com uma gravadora inglesa e hoje é um dos poucos produtores musicais mineiros que estudou no exterior. Ele dá aulas no pequeno estúdio que montou aqui, mas o seu sonho é voltar para a Inglaterra.
Outra novidade que promete conquistar os brasileiros são os pacotes que reúnem o ensino de idioma e um curso relacionado à cultura do país. “As escolas estão buscando algo além da parte linguística. Isso tem despertado a clientela que não é tão jovem, mas tem curiosidade de fazer intercâmbio”, explica Robles. É possível estudar espanhol e, ao mesmo tempo, aprender dança flamenca na Espanha. Se preferir, você pode fazer curso de vinho na Argentina ou no Chile. Também há a possibilidade de estudar francês e conhecer alguns truques da gastronomia parisiense.
Celina Aquino
Fonte: http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2011/03/20/internas_economia,216375/bh-recebe-duas-feiras-de-intercambio-com-opcoes-de-cursos-no-exterior-para-turbinar-o-curriculo.shtml