A personagem Leila da novela Insensato Coração, transmitida pela Rede Globo, interpretada pela atriz Bruna Linzmeyer, pode servir de inspiração para jovens universitárias – e universitários, por que não – com vontade de estudar fora do Brasil mas sem muitos recursos para bancar a situação. Quem tem força de vontade para juntar o dinheiro pode investir em estudo, turismo ou um projeto pessoal. A bolsa para um ano beira os US$ 10 mil (cerca de R$ 15,7 mil).
A administradora da International Au Pair Association (IAPA), Simona Dallera, conta que, no mundo, são mais de 170 agências afiliadas que oferecem o programa em 45. A Associação foi fundada de 1994, no Canadá, durante a World Youth and Student Travel Conference (WYSTC) para proteger tanto os interesses das famílias que recebem as Au Pairs quanto a segurança das intercambistas.
“Novas agências continuam a surgir e a demanda por Au Pairs está em crescimento. Com o aquecimento do setor fica mais evidente a necessidade uma regulamentação a nível internacional”.
O programa é destinado a jovens de 18 a 26 anos, mas pode ser estendido até os 30 anos de acordo com o do país. Entre os benefícios, Maia Teresa Martins, diretora regional da World Study, destaca a oportunidade de morar em vários países do mundo pelo prazo de 1 a 2 anos, trabalhar e receber um bolsa para estudos.
“O importante é estar disposta a se dedicar 40 horas semanais a cuidar dos filhos das famílias anfitriãs”, ressalta.
Além de casa e comida, a “babá” tem uma ajuda de custo que varia de acordo com o país e regalias como carro e finais de semana livres, dependendo da família que a recebe.
A bolsa nos Estados Unidos fica em torno de US$ 197 por semana (cerca de R$ 368). Na Europa, as famílias desembolsam de 300 a 370 euros (de R$ 680 a R$ 830) e as nannies têm direito ainda a uma ajuda de US$ 500 (cerca de R$ 780) para ajudar a custear cursos de idiomas ou outras atividades escolares. Até o visto da Au Pair é especial, chama-se J1 e, segundo Maria Teresa, não é difícil de conseguir em função da criteriosa seleção das candidatas.
“É possível encontrar programas com custo de embarque a partir de R$ 790 mais US$ 80, com passagens incluídas”, diz.
Já para Maria José Paiva, supervisora regional da CI, o programa representa para o intercambista uma oportunidade de assimilar a língua e a cultura ao mesmo tempo em que é remunerado.
Segurança – Da mesma forma que as agências brasileiras escolhem as meninas ou os rapazes para enviar para as famílias, as agências dos outros países treinam os candidatos a receber as Au Pair para garantir a segurança das brasileiras em solo estrangeiro.
Quem passou pela seleção e aprovou o programa foi Raquel do Nascimento Gazolla, de 24 anos, que está na Austrália e cursa o último ano do Bacharelado de Música e História da Arte na Universidade de Sydney. Ela conta que quando terminou o ensino médio começou a procurar maneiras de conciliar estudo e trabalho fora do país e acabou por descobrir o Au Pair.
“Vou ser sincera, sair de casa com 19 anos, uma mala na mão e conhecimento básico de inglês não foi fácil. Várias vezes pensei em voltar para casa, mas respirava fundo e continuava minha caminhada”.
Na família Au Pair de Raquel eram quatro crianças: Jack, Charlie, Henry e Thomas. A rotina inclui levar e trazer da escola, lavar roupa, passar, cozinhar, arrumar o quarto das crianças, ajudar com dever de casa ou levá-los para fazer esporte.
“A mãe estava sempre em casa comigo e dividíamos as tarefas”, acrescenta.
Já Isabele Mendes, de 23, estudante de Letras, conheceu o programa através de uma prima que estava em Nova Iorque.
“Amadureci muito, me tornei mais responsável, com uma visão de mundo mais ampliada, aprendi a conviver com a saudade e superar desafios e dificuldades, além de melhorar a fluência na língua inglesa”.
Isabele destaca que, no entanto, é preciso ter flexibilidade e muita compreensão.
“Eu tinha dificuldade com a questão da comida, cheguei até a emagrecer pois odiava a comida americana”.
Durante o período de Au Pair, ela fez três cursos de inglês. Para Isabele, a bolsa podia ser maior em função dos padrões dos países onde moram.
“É preciso saber poupar e administrar o dinheiro. O bom é que a família fornece alimentação e moradia. A minha pagava até a gasolina do carro, então dava pra fazer o dinheiro render”, revela.
Ela conseguiu poupar o suficiente para fazer uma viagem para a Europa durante os dias de férias, acompanhada do noivo. Eles visitaram Londres, Paris e Amsterdam.
“Foi incrível. Um sonho realizado. Se eu estivesse no Brasil seria muito mais difícil poupar e planejar uma viagem dessas”, resume.
Para participar da seleção
Para ser Au Pair é preciso ter fluência no idioma do país para onde a pessoa pretende viajar, comprovar experiência de trabalho com crianças, apresentar certidão negativa de antecedentes criminais e tirar, no Departamento Nacional de Trânsito (Detran), a carteira de habilitação com licença internacional para dirigir.
Os sites das recrutadoras estrangeiras, onde os interessados podem esclarecer suas dúvidas, recomendados pelas empresas que comercializam os programas são:
O FLUMINENSE